Construindo uma propriedade agroecológica

Depois de trabalhar como assalariado durante 26 anos, em 1982, Abatiá, sua esposa Aninha e seus irmãos compraram uma propriedade de 9 alqueires, onde 6 pertencem ao casal. Em 1993, o casal mudou definitivamente para a propriedade e foram construindo aos poucos a casa da família. O planejamento da propriedade é muito importante para que consigam realizar tudo que desejam, por isso registram todos os fatos, gastos e ganhos da propriedade. Anotam por exemplo quando uma vaca ficou prenha para assim acompanhar a gestação e nascimento do garrote. A propriedade é diversificada e bem integrada: do curral sai o esterco para adubar a horta, o canavial, o milharal, a capineira e a lavoura de café. Ainda sai o leite para alimentar a família e ser comercializado e a urina de vaca usada como defensivo. Da horta retiram os ingredientes que Aninha usa para fazer o tempero que vende no comércio, na Associação e para a merenda escolar. A cana é para alimentar as galinhas, porcos e vacas, outra parte é beneficiada e transformada em cachaça e açúcar. Os peixes são tratados com fubá, farelo de arroz, banana verde e com as folhas que sobram da horta e ainda plantaram umas fruteiras ao redor do poço para servirem de alimentos no futuro. Ao redor do galinheiro, plantaram plantas medicinais que servem de remédio e de comida. As galinhas passam o dia soltas e além de produzirem os ovos, fazem o controle dos carrapatos e espalham o esterco do gado. As vacas comem somente pasto que é divido em piquetes para ser usado em rodízio. Na época da seca, as vacas são alimentadas com capim, milho, cana e leucena que é rica em proteína. Conservam uma matinha de onde retiram estaca e lenha. E até verificaram o aumento da água. Para a família, tendo variedade, o/a agricultor/a garante sua autonomia e evita que outras pessoas coloquem preço em seus produtos.