Armazenando água na propriedade e colhendo os frutos: a experiência de dona Dora
Maria das Dores Tavares Lima é agricultora no município de Queimadas-PB, e mora com a família em uma propriedade de onze hectares no sítio Catolé do Simão. Apesar de contar com um pequeno tanque e um barreiro nas redondezas, o acesso a água sempre foi um problema. Mas a agricultora, conhecida como dona Dora, fez um esforço financeiro e conseguiu construir uma cisterna com capacidade para armazenar 15 mil litros de água, utilizada para beber, cozinhar, tomar banho e lavar roupa. Para abastecer os animais, ela utiliza o tanque de pedra durante o período de chuvas e a cacimba do vizinho na seca. Em 2003, dona Dora conheceu uma experiência de barragem subterrânea, e através do Fundo Rotativo Solidário da comunidade resolveu construir uma de 40 m de comprimento por 2,60 m de profundidade. Com a barragem podem ser plantados feijão, milho, fava, banana, caju, pinha, goiaba, laranja, manga, graviola, inhame, macaxeira, mandioca, cana e capim elefante. Dona Dora planeja construir um poço na barragem para irrigar as plantas de raízes curtas, e ainda aumentar a produção de forragem (a ração animal no período de seca é muito cara). A agricultora preservou a mata nativa (xique-xique, mandacaru, caibera, baraúna, pereiro, gameleiro, jucá, mameleiro, aroeira e etc.), plantou ainda outras árvores, não realiza queimadas e fez curvas de nível para conter a erosão. Dona Dora ainda descobriu um olho d’água na propriedade, e então ela cavou em volta e represou, servindo para os animais e para plantar verduras. Para manter as plantas e frutas do arredor de casa, ela utiliza a água servida do banho e da louça. A agricultora pretende ainda ampliar o tanque de pedra e reservar a água da cisterna apenas para beber. Todos seus esforços são para estruturar a propriedade para armazenar água da chuva e plantar e conservar as plantas que cumprem papel importante na infiltração da água no solo. Dona Dora é um exemplo para todos os agricultores do semi-árido.