A experiência de Marlene na organização do arredor de casa
Marlene é agricultora e reside no sítio Floriano em Lagoa Seca, na Paraíba. Ela mora com o marido, o filho, a mãe, dois irmãos e dois sobrinhos. A família trabalha em um pequeno terreiro de meio hectare onde faz agricultura para o próprio sustento. Antes, criava as galinhas e os porcos amarrados nos pés de uma árvore. Se alguém ficasse doente em casa, comprava remédios na farmácia. Os legumes e verduras que plantava sem veneno (agrotóxicos) eram vendidos a atravessadores e o dinheiro era usado para comprar alimentos produzidos com agrotóxicos. A partir de 1998 a família buscou alternativas, plantou uma horta medicinal no terreno, verduras, legumes, acerola, limão. Cercou o espaço com telas de arame e plantou uma cerca viva de jasmim laranja, gliricídia, moringa e amora para no futuro quando a tela acabar, manter o espaço cercado e preservado. Através de intercâmbios como os realizados ao Centro Nordestino de Plantas Medicinais (Olinda), à Catequese Familiar em Solânea e Brejo da Madre de Deus, em Pernambuco, Marlene passou a conhecer e cultivar mais plantas medicinais. Ela reutiliza a água do enxágüe de roupas e da lavagem de pratos para molhar suas plantas, tomando o cuidado de não molhar com essa água as plantas que são utilizadas na medicina caseira. A construção da cisterna foi muito importante para a família, porque aumentou a qualidade da água de beber e permitiu ajudar a cuidar melhor da água das plantas e animais. Marlene tem um cercado de telas onde cria galinhas, ovelhas, gansos, cabras e até um boi. Aprendeu a plantar outras culturas para alimentar os animais como feijão guandu, sorgo e gliricídia. Aprendeu ainda a fazer o sal mineral que é um alimento anti-verme e previne doenças nos animais. Os produtos diversificados que a família produz no terreno agora são vendidos em feiras agroecológicas e dão lucro. Ela percebe a importância de se repassar as experiências a outros agricultores, que devem se organizar e ter um Sindicato participativo.