Agricultura urbana e segurança alimentar em Belo Horizonte: cultivando uma cidade sustentável

Em 2003, foi iniciado em Belo Horizonte, com o apoio da ONG Rede de Intercâmbio de Tecnologias Alternativas (Rede), o “Projeto de Formação de Agentes de Desenvolvimento Local em Segurança Alimentar Nutricional e Agricultura Urbana”. O projeto conta com uma equipe formada por seis educadoras, três assessores comunitários e 44 famílias, beneficiando diretamente 197 pessoas, sendo que quase metade delas é constituída por crianças e adolescentes. As famílias envolvidas residem nos “núcleos de desenvolvimento”, que são geograficamente definidos pelas redes locais para experimentar uma ação integrada e multiplicadora entre os vários atores dessas comunidades. A metodologia do “Projeto de Formação” tem caráter teórico e prático. A equipe é capacitada em educação popular e em conteúdos como segurança alimentar e nutricional, agricultura urbana, agroecologia, plantas medicinais, reaproveitamento do lixo e relações de gênero. Simultaneamente, desenvolve ações educativas e incentiva a troca de experiências e de conhecimentos dentro e entre as famílias moradoras dos núcleos. O principal resultado pode ser observado nas mudanças comportamentais da equipe de educadoras e assessores comunitários, que desenvolveram a expressão oral, escrita e afetiva, a autoconfiança e um sentimento de realização pessoal por estarem contribuindo na melhoria ambiental e nas condições alimentares de sua comunidade. Além disso, se tornaram referências para suas comunidades e para outros grupos e experiências em Belo Horizonte e mesmo em outras regiões.O uso produtivo de espaços urbanos proporciona a limpeza destas áreas e uma melhoria considerável ao ambiente local, diminuindo a proliferação de vetores de doenças. Muitos materiais, como embalagens, pneus e entulhos, também são utilizados para a contenção de pequenas encostas e canteiros. Os resíduos orgânicos domiciliares são aproveitados na produção de composto empregado nas atividades de agricultura urbana. A produção nesses espaços conduziu a melhores hábitos alimentares, sobretudo por ter evidenciado a relação que há entre alimentação e saúde.