Os guardiões de sementes: a experiência da família de Vicente e Rosa Huck
Há 18 anos, ainda no inicio da vida de casado, Rosa e Vicente resolveram plantar fumo, construir uma estufa e esperavam ganhar dinheiro. Ao ver seus filhos ainda muito pequenos trabalhando até tarde e a melhora de vida que nunca chegava, resolveram mudar de vida. Nessa época já plantavam ecologicamente tudo o que produziam e foram ampliando suas experiências. O primeiro trabalho da família foi de reorganizar e recuperar a terra, fazendo voltar os microorganismos, as minhocas, os passarinhos. Tinham uma criação de carneiros que fornecia adubo para a horta e outras plantações. Implantaram o primeiro campo de sementes. Experimentaram adubação verde de verão e de inverno. Desde menino, Vicente aprendeu a resgatar, produzir e guardar as sementes. Tudo que a família planta sempre colhe o do gasto e deixa o que sobra madurar para fazer sementes. Para colher as sementes têm que escolher o pé mais vigoroso, com menos doença, com bainha melhor. Sempre faz a seleção de suas sementes. Muitas sementes usadas na horta a família trouxe de herança, compraram umas e trocaram outras. O resgate eles fazem nas feiras do município, região, estado, nacional, em conversas com parentes mais distantes. Eles têm mais de 30 variedades diferentes de sementes: groselha, 3 tipos de feijão-vagem, agrião, rúcula, 2 tipos de amendoim, girassol colorido e comum, milho pipoca, nescafé, melão de São Caetano, pepino antigo, a linhaça, pimentão graúdo, feijão-arroz, melancia amarela, cordão de frade, gila, buchinha de salada, gengibre do reino, ervilha, dentre outras. Resgatou e multiplicou a semente do feijão vinagrinho a partir de grãos que vieram misturados no feijão preto. Vicente tem a idéia de montar na região uma casa da semente crioula, um banco de sementes para troca e venda, resgate e conservação daquelas da mata e de consumo humano.